Resumo interno:
- Pesquisadores da City University de Hong Kong descobriram como materiais 2D de bicamada torcida criam um campo elétrico de vórtice, adequado para o desenvolvimento de computação quântica, spintrônica e nanotecnologia, fornecendo uma alternativa econômica às técnicas sintéticas.
- A equipe desenvolveu um método de transferência assistida por gelo, que permite o controle preciso dos ângulos de torção e contatos de bicamada limpos, que são necessários para melhorar as propriedades eletrônicas e melhorar o desempenho do dispositivo quântico.
- A descoberta de quasicristais em bicamadas torcidas apresenta oportunidades para melhorar a estabilidade da memória, velocidade de computação mais rápida e spintrônica passiva.
No mundo da ciência, mesmo pequenas torções podem ter grandes efeitos nos materiais. Pesquisadores da City University de Hong Kong descobriram como rotações sutis em camadas 2D podem criar um campo elétrico de vórtice. As descobertas, publicadas na Science, têm potencial para impactar dispositivos elétricos, magnéticos e ópticos, bem como novas aplicações em computação quântica, spintrônica e nanotecnologia. De acordo com o professor Ly Thuc Hue, do Departamento de Química da CityUHK, esta pesquisa mostra que “uma simples torção em materiais 2D de bicamada” pode atrair esse campo elétrico, ignorando a necessidade de técnicas caras de deposição de filmes finos.
Novas técnicas de precisão energética para objetos 2D
Além de resolver quebra-cabeças técnicos complexos, os pesquisadores tiveram que garantir camadas de materiais limpas e precisamente alinhadas – o desafio mais difícil no mundo dos materiais 2D. As bicamadas torcidas são feitas empilhando duas camadas finas de material em um pequeno ângulo, o que cria propriedades eletrônicas únicas.
No entanto, os métodos convencionais para fazer essas bicamadas muitas vezes limitam a gama de ângulos de torção, especialmente em pequenos graus, tornando quase impossível testar sua resistência total. Para resolver isso, uma equipe da City University de Hong Kong desenvolveu um método de transferência assistida por gelo que usa um pequeno pedaço de gelo para alinhar e transferir bicamadas com precisão.
Este método não só permitiu aos pesquisadores usar livremente ângulos torcidos, de 0 a 60 graus, mas também resolveu o problema de longo prazo de manter uma conexão limpa entre as camadas. Interfaces limpas são importantes porque mesmo uma pequena quantidade de sujeira pode interferir nos delicados componentes eletrônicos que os pesquisadores estão tentando observar.
Para confirmar a existência do campo elétrico do vórtice, a equipe utilizou microscopia eletrônica de transmissão quadridimensional (4D-TEM), uma tecnologia avançada de imagem que captura dados espaciais e temporais com resolução atômica. Este processo forneceu as evidências necessárias para confirmar suas descobertas. Ao superar esses desafios, a equipe não apenas avançou na compreensão das bicamadas torcidas, mas também abriu as portas para formas mais eficientes e econômicas de estudar e manipular materiais 2D – para avanços futuros em eletrônica, computação quântica e muito mais.
Versatilidade de Quasicristais Torcidos
A detecção de um campo elétrico de vórtice em bicamadas torcidas traz um bônus inesperado: a criação de um quasicristal bidimensional. Quasicristais são estruturas que não se enquadram nas categorias tradicionais, apresentando um arranjo irregular, mas ordenado de átomos. Ao contrário dos cristais comuns, os seus padrões não se repetem regularmente, uma propriedade que lhes confere propriedades físicas únicas. Por exemplo, seu baixo calor e condutividade elétrica os tornam ideais para aplicações de alta energia, como revestimentos de superfície.
Neste estudo, um quasicristal apareceu devido a certos ângulos torcidos na bicamada de dissulfeto de molibdênio (MoS₂), que definiram as características do campo elétrico do vórtice. A capacidade de controlar estes ângulos e, por extensão, as propriedades dos quasicristais resultantes tem novas implicações tecnológicas.
Segundo os pesquisadores, esses quasicristais prometem melhorar a estabilidade da memória em dispositivos eletrônicos, aumentar a velocidade do computador por meio de transferência ultrarrápida de dados e permitir novos designs ópticos com resultados visíveis. Na spintrônica – um campo que se concentra no uso do spin intrínseco dos elétrons para processar informações – as estruturas podem facilitar a comutação permanente da polarização, melhorando a eficiência dos dispositivos magnéticos.
Além de suas aplicações imediatas, essas descobertas também avançam no desenvolvimento da computação quântica e da spintrônica. Ao resolver o desafio de empacotar e torcer as bicamadas de maneira organizada, os pesquisadores criaram um caminho para a próxima geração de dispositivos quânticos.
O processo patenteado de pesquisa de transferência assistida por gelo aumenta seu valor, fornecendo uma ferramenta confiável e econômica para testar bicamadas torcidas em vários materiais. Pesquisas futuras se basearão nesta base, testando se o empilhamento de camadas adicionais pode melhorar o campo elétrico do vórtice ou se resultados semelhantes podem ser alcançados em outros materiais bidimensionais.
Pequenas reviravoltas, grandes efeitos
Criar e gerenciar campos elétricos de vórtice é um exemplo de como pequenas repetições em linhas contínuas de desenvolvimento podem ter efeitos de longo alcance. Desde a melhoria do desempenho do dispositivo até a remodelação da tecnologia quântica, a pesquisa da CityUHK existe na interseção da ciência básica e das aplicações práticas. À medida que a equipe continua a explorar o potencial das estruturas de bicamada torcida, seu trabalho também poderá apoiar avanços na eletrônica, na computação quântica e na nanotecnologia.
Os autores que participaram do estudo incluem Chi Shing Tsang, Xiaodong Zheng, Tong Yang, Zhangyuan Yan, Wei Han, Lok Wing Wong, Haijun Liu, Shan Gao, Ka Ho Leung, Chun-Sing Lee, Shu Ping Lau, Ming Yang, Jiong Zhao. e Thuc Hue Ly.